Internet (quase) sem barreirasCorreio confere a internet banda larga móvel das operadoras Claro, Vivo e Tim.
O serviço, que usa tecnologia 3G, mostrou qualidade, mas ainda não é capaz de substituir o acesso pela telefonia fixa - Tiago Falqueiro Da equipe do Correio
A telefonia celular de terceira geração já é uma realidade, no Brasil, para mais de 95 milhões de pessoas — ou 51,7% da população, segundo a consultoria Teleco. Com ela, a rede das operadoras passa a oferecer, além de comunicação por voz e mensagens, tráfego de dados em velocidades que podem alcançar 7,2 Mbps, taxa 36 vezes maior que a média registrada pelo padrão anterior, 2G, que é de 200kbps. E a expansão da cobertura ainda deve levar a banda larga para lugares onde o serviço fixo não chegava, como cidades menores longe dos grandes centros.
Mas a mobilidade e a portabilidade do 3G também são a fonte de seus maiores inconvenientes. “Todo sistema de comunicação por espaço livre, sem fio, é muito mais instável, mais aberto a interferências de condições climáticas e topográficas, por exemplo. É mais propício a instabilidade”, explica o professor da área de telecomunicações do departamento do Engenharia Elétrica da UnB Paulo Portela. Isso quer dizer que uma chuva forte ou um morro entre o cliente e a estação radiobase pode acabar atrapalhando o acesso. Aí, em vez de downloads rápidos, pelo sistema de terceira geração, as taxas de tráfego vão se adaptar aos padrões 2G, bem mais lentos. Por isso, antes de contratar um serviço de acesso com as operadoras, a melhor dica é saber de clientes que já usam a conexão em sua área se a cobertura funciona bem. É comum que, mesmo dentro da área de cobertura anunciada pelas companhias, haja clarões de localidades com problemas. E também que, em lugares específicos, a rede de uma empresa funcione melhor que de outra.
Se a sua pedida é a mobilidade, um dos principais pontos a se pesquisar, antes de escolher quais dos serviços 3G contratar, é a área coberta pelas operadoras. Enquanto a Claro afirma oferecer o serviço em 100% do Distrito Federal, a Brasil Telecom e a Tim anunciam áreas de cobertura mais restritas. A Tim trabalha com a tecnologia nas asas Norte e Sul, Cruzeiro, Sudoeste e lagos Sul e Norte. Já os clientes da BrT também terão disponível o sinal em São Sebastião, Paranoá, Sobradinho, Candangolândia, Guará, Taguatinga e Riacho Fundo. O serviço da Vivo, última operadora a lançar sua rede 3G GSM, está presente em 27 localidades no DF, incluindo Plano Piloto, lagos Sul e Norte, Cruzeiro, Guará, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, Ceilândia, Gama e cidades do Entorno como Novo Gama, Valaparaíso e Planaltina de Goiás. Antes de bater o martelo por um dos serviços, outra questão importante é saber qual plano escolher entre os oferecidos pelas operadoras.
Os pacotes, que custam de R$ 49,90 a R$ 189,90, são divididos entre os que oferecem uma quantidade determinada de tráfego de dados e os ilimitados. Para decidir, é preciso levar em conta qual o uso que se vai fazer da internet. Em relação à quantidade de dados, na maioria dos casos a melhor pedida para os usuários em geral é optar pelo acesso ilimitado, para garantir a liberdade de se usar a internet o quanto for necessário, sem medo de surpresas com gastos extras no final do mês. Na questão da velocidade, o internauta tem de pôr na balança o que vai usar mais. Se baixar arquivos e jogar online estiver nos planos do futuro cliente, quanto mais velocidade for contratada melhor. Mas se ele quiser economizar na tarifa e for fazer apenas um uso regular da web, conversando nos comunicadores, como Skype e MSN, fazendo pesquisas e trocando e-mails, os planos com velocidades menores serão satisfatórios.
A chegada da terceira geração da telefonia celular no Brasil foi, inicialmente, associada ao recurso de videochamada, quando, além de ouvir quem está do outro lado, também podemos ver. Mas o 3G está longe de ser só isso. Na verdade, esse é apenas um dos recursos que a tecnologia tornou disponível com a ampliação da largura da banda de transmissão de dados. Embarcada em modens que usam conexão USB, a banda larga dos celulares tem a vantagem da mobilidade. Pode ser instalada, com alguma facilidade, em qualquer computador, seja um desktop, seja um notebook. “O 3G tem uma tecnologia de transmissão mais avançada, com uma banda maior (passa de 200khz no GSM para 5mhz no WCDMA) e também uma eficiência maior nas técnicas de processamento da informação”, resume Paulo Portela.
O 3G chegou a Brasília com tudo e hoje o serviço de acesso à internet pela rede de celular é oferecido pelas quatro operadoras que atuam na cidade, Brasil Telecom, Tim, Vivo e Claro. E o interessado no acesso livre oferecido pelos minimodens e placas PCMCIA encontrará, segundo as empresas, sinal por todo o Distrito Federal. Assim, apimenta a concorrência com os serviços oferecidos pela telefonia fixa — que, mesmo proporcionando mais velocidade, preço e estabilidade, perdem em mobilidade. E a nova opção de acesso serviu como uma luva para a arquiteta Mariana Araújo Pedrassi, de 24 anos, que veio de Cuiabá para estudar na Universidade de Brasília. “Como não trabalho em um lugar fixo, é muito melhor poder levar a internet com meu notebook para onde for”, conta Mariana — que precisa, em seu dia-a-dia, visitar as obras que acompanha. E não é só no deslocamento dentro da cidade que o serviço 3G leva vantagem em relação ao ponto fixo de conexão. A tecnologia faz com que Mariana possa usar sua conexão mesmo na casa dos pais, em Mato Grosso, ou em visitas a outras cidades a trabalho, como São Paulo, Rio de Janeiro, e até em passeios, como em Alto Paraíso. “Como eu viajo bastante, a relação entre o custo e o benefício de uma internet que pode me acompanhar é melhor”, explica Mariana, que usa um modem da Claro conectado a seu notebook. Do tradicional acesso por cabo, a estudante só sente falta da velocidade. “Eu contratei o serviço com a maior velocidade disponível, e se pudesse, pagaria por outro ainda mais veloz”, defende. Por depender de questões naturais e também da distância entre o usuário e a antena da operadora mais próxima, para quem planeja fazer como Mariana e ter a rede 3G como única forma de acesso à internet, uma boa pedida é pesquisar entre vizinhos e companheiros de trabalho se o sinal da operadora escolhida funciona sem problemas na região. “Eu utilizo o serviço de forma bem convencional, então dificilmente tenho problemas. Mas, às vezes, simplesmente não consigo conectar”, lembra Mariana. Um dos problemas de alguns serviços de acesso pela rede 3G são os programas usados na conexão, os quase já esquecidos discadores. No caso da Tim e da Vivo, que usam os modens dos fabricantes Onda e Aiko, é o mesmo software que tem o papel de conectar o computador à internet. E ele atua mal. É complicado de instalar e de usar, além de não ser muito intuitivo. Não existe uma botão claro para conectar, por exemplo. É preciso clicar em um ícone com um globo para aparecer o diálogo conectar. Já o programinha usado pelo modem Huawei E226 é bem mais leve e mais fácil de usar. Outro probleminha com a tecnologia está ligado a uma de suas maiores qualidades. A sua conexão, que é feita por portas USB, agrada por estar presente em quase todos os computadores. Mas pequenos defeitos podem atrapalhar, como não ter seu dispositivo reconhecido em determinada porta. Para isso, a solução geralmente é simples. É só desconectar da entrada com problema e tentar em outra.
Geralmente, com isso, tudo fica resolvido. Confira o teste feito pelo Correio com os serviços das três empresas:
Tim
Os serviços das três operadoras são adequados. Pelo menos para quem quer navegar sem abusar do download. O da Tim agrada pela maior velocidade disponível, mas peca na cobertura. O da Claro se destaca pela maior abrangência do serviço no DF, mas sua velocidade máxima deixa a desejar. Já a Vivo, que vem aumentando bem as áreas atendidas pelo seu Vivo Zap, surpreende o usuário com taxas de transferência maiores que a nominal contratada, de 1Mbps.
TIM WEB Modem: onda MSA501HS Cobertura*: asas Norte e Sul, Cruzeiro, Sudoeste, lagos Sul e Norte. A Tim é a única das operadoras que oferece planos com a maior velocidade nominal (7,2Mbps) de download alcançada pela tecnologia 3G. E esse foi o plano usado no teste da banda larga da empresa. A rapidez na navegação da internet impressiona e lembra o acesso de pacotes robustos dos serviços oferecidos pela telefonia fixa.
Para baixar o instalador do antivírus AVG Free 8, por exemplo, que tinha 50MB, levou menos de três minutos e alcançou uma taxa de transferência de 316KB/S. Na hora de fazer downloads por programas torrent, que aceleram o processo, um arquivo de vídeo de 155MB levou menos de 15 minutos para ser baixado. E o intenso tráfego de arquivos não atrapalhou em nada na navegação por sites e até na hora de ver vídeos. O ponto negativo para o serviço da empresa fica por conta da área de cobertura, menor entre os concorrentes. Outro ponto a se verificar, para quem for contratar o plano ilimitado com maior velocidade, é a prerrogativa, nos termos do serviço disponível no site do serviço, de a Tim diminuir a velocidade do acesso depois que o tráfego de arquivos alcance 1GB.
Valores dos planos Tráfego - Preço 40MB R$29,90 250MB R$ 39,90 1GB R$69,90 Tráfego de dados: ilimitado Velocidade - Preço 600kbps R$ 89,90 1Mbps R$ 119,90 7Mbps R$ 189,90
CLARO 3G Modem: Huawei E226 Cobertura*: 100% do Distrito Federal. O 3G da Claro, segundo a operadora, abrange todo o Distrito Federal. Os planos oferecidos pela empresa têm tráfego ilimitado e o usuário pode escolher entre as velocidades que alcançam, no máximo, 1Mbps. No teste, a navegação acontece sem muitos problemas, na maior parte do tempo. Em alguns momentos, o sinal parece simplesmente desaparecer, mesmo o discador indicando que o funcionamento do sistema está ok. Mas, depois de algum tempo, e de algumas reinicializações, tudo volta ao normal. A velocidade escolhida para ser a maior ofertada não é a mais própria para grandes downloads. Mas para usar comunicadores com vídeo e áudio, como o Skype, ver vídeos no YouTube ou mandar e receber e-mails, o serviço é bem satisfatório. Para baixar arquivos de sites, como o mesmo AVG Free 8 dos outros testes, o serviço é um pouco sofrível, levando mais de 40 minutos para realizar a tarefa. Já com o torrent, o desempenho melhora bem, descendo um vídeo de 174MB em um pouco mais de meia hora.
Tráfego de dados: ilimitado Valores dos planos Velocidade - Preço 250kbps R$ 59,90 500kbps R$ 84,90 1Mbps R$ 119,90
VIVO ZAP Modem: Aiko 82D Cobertura*: Plano Piloto, lagos Sul e Norte, Cruzeiro, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Brazlândia, Recanto das Emas, Sobradinho, Riacho Fundo, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Planaltina, Gama, Taguatinga e Ceilândia. O caçula do 3G no Distrito Federal impressiona por suas taxas de download. Mesmo mostrando um sinal um pouco mais instável que o da Claro, outro que abrange uma boa parte do DF, o serviço da Vivo, nominalmente com 1Mbps de velocidade contratada, alcançou picos de quase 3Mbps, segundo medições feitas em sites como
www.testesuavelocidade.com.br.
Talvez por isso, na hora dos downloads, as taxas medidas tenham sido tão melhores que na concorrência de mesma característica. Para baixar o AVG Free 8, por exemplo, a taxa média marcada pelo navegador foi de 34 kbps. Na hora de puxar um vídeos em programas torrent, o mesmo vídeo baixado no teste com o modem da Claro, de 174MB, chegou quase 10 minutos antes.
O problema de instabilidade do sinal, em algumas áreas da cidade, como no final da Asa Sul, por exemplo, foi mais sério que na concorrência, já que ia além do apagão aparente. Vez ou outra, o serviço insistia em passear entre os padrões aceitos pelo modem usado, UMTS, HSPA e Edge. E quando chegava no último, o desempenho lembrou os maus momentos de se navegar usando um modem discado. Para todas as outras tarefas, como navegar, conversar em comunicadores e ver vídeos online, o serviço atende bem as expectativas.
Valores dos planos Tráfego - Preço 50MB R$49,90 250MB R$ 59,90 500MB R$ 79,90 1GB R$89,90 Ilimitado R$ 119,90
Fonte: CorreioWeb